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Formiguinhas em Ação

  • Foto do escritor: Mateus Santos
    Mateus Santos
  • 3 de abr. de 2021
  • 4 min de leitura

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“Não sou uma ONG, não sou uma instituição, sou eu”. Assim que Alex Oliva Cahli define o projeto Formiguinhas em Ação, do qual é fundador. Na verdade, ainda que conte com um grupo de voluntários, Alex está sempre à frente das ações, na rua, olhando e conhecendo de perto aqueles que precisam de ajuda. E foi isso, olhar pro lado e ajudar da forma que lhe fosse possível, que fez com que ele desse início ao Formiguinhas.


Segundo Alex, foi a partir de questionamentos, da inquietação de ver moradores de rua sofrendo com o frio, que surgiu o que, hoje, é uma paixão em ajudar, que toma boa parte de sua vida. Há oito anos, com a intenção básica de ajudar, Alex decidiu usar as redes sociais e, sozinho, sair para a rua, cobrindo as pessoas. Na base da vontade, e dos vínculos com aqueles que compartilhavam desta, o projeto andou. “Quando vi, eu estava recebendo manta da Austrália, do Canadá”. Hoje, além de ajudar moradores de rua, os Formiguinhas juntam doações para comunidades carentes, aldeias indígenas e casas de idosos, com ações que buscam não só combater fome e frio, mas também olhar com mais carinho para essas pessoas, escutá-las, cumprimentá-las com um sorriso no rosto e tratá-las com respeito. “A gente dá carinho, afeto, ternura. Tentar entender o que levou a pessoa a chegar a essa situação. O mais importante é ter uma relação humana com a pessoa, entender o que ela precisa.”


Parte considerável dessas ações, mesmo com o crescimento do grupo, ainda saem do bolso de Alex, em custos que envolvem não só os alimentos, mas também gastos com transporte, para buscar as doações. Por outro lado, hoje, essa rede de contatos criada por meio das redes sociais ampliou as possibilidades do Formiguinhas. Alex, por exemplo, recebe pizzas regularmente, que são encaminhadas a moradores de rua. Além disso, distribuidores de empresas como Bauducco, Bayer e Nivea ficaram sabendo do projeto, e doam produtos próximos da data de validade, mas que, mesmo não sendo perecíveis, por legislação, vão para o fogo.


Sendo assim, o projeto não se sustenta a partir de um grande investidor, patrocinador ou afim, mas sim a partir de doações espontâneas daqueles que conhecem o grupo ou fazem parte dele. Trata-se, portanto, de uma rede de pessoas engajadas que Alex construiu ao longo desses anos. E segue construindo. O que torna o Formiguinhas em Ação possível, realmente, é atitude. Alex diz: “é só querer. Quando pegou fogo, lá em Paraisópolis, eu fiquei por 4 meses cozinhando pras pessoas. Todos nós podemos”. Levando em conta a estrutura do projeto, seus passos e como se dão as doações, isso se prova verdade.

Alex explica que não é uma tarefa fácil. Ao ser perguntado como concilia seu tempo com o Formiguinhas, foi incisivo “não sei”. O fato é que ele tem uma empresa, que faz projetos de áudio, vídeo e automação, e usa seu tempo livre, como noites e finais de semana, para correr atrás de doações, ajudar necessitados e dar andamento a esse “formigueiro” de boas ações.


O grande desafio de Alex está na relação com as outras pessoas: “o mais difícil, na realidade, é conviver com as pessoas. Elas são muito complicadas, o ser humano é complicado. Às vezes é melhor lidar com bicho do que com gente”. Essa questão relacional também pode ser vista nas redes sociais da empresa, que poderiam ser melhor trabalhadas, o que poderia trazer resultados expressivos a curto e longo prazo. Sem uma maior preocupação com as redes, que foram a base do Formiguinhas, o projeto deixa de angariar novos colaboradores e acaba alcançando menos pessoas do que realmente seria possível.


Uma possível solução seria deixar a comunicação a cargo de profissionais, considerando que o próprio Alex é o responsável pelas atualizações de status. Isso não se encaixa exatamente como um problema, mas pode ser visto a longo prazo como um empecilho, especialmente quando se trata de um projeto independente como esse, que depende de ajuda de voluntários e contribuintes. Como citado acima, com uma comunicação mais efetiva e profissional, Formiguinhas em Ação poderia alcançar mais pessoas, tanto a fim de conseguir contribuição financeira quanto para arranjar pessoas que trabalhem como voluntárias.


Formiguinhas em Ação não é uma ONG ou uma instituição, assim como o próprio Alex destacou, é basicamente a união de algumas pessoas que se voluntariam a ajudar necessitados. A dificuldade de manter o grupo financeiramente — considerando que várias das ações partem do bolso de Alex -, aliada com o fato de que o grupo não conta com muitas pessoas deveria ser um empecilho para o projeto, mas, na verdade, não é. A única questão que poderia de fato ser aprimorada, como já citado, é a parte de comunicação, em que poderia haver certo tipo de profissionalização, o que facilitaria a adição de novas mãos no trabalho como um todo e melhoraria a organização interna do projeto. Enquanto isso, a ação segue crescendo de pouco em pouco, com cada um fazendo sua parte. É um trabalho de formigueiro, com cada formiguinha levando sua folha.

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©2021 por Mateus L. P. Santos

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